A agência espacial da China pode se tornar a primeira a trazer amostras de Marte para a Terra, com uma missão prevista para retornar rochas e sedimentos até 2031.
Na edição de novembro da National Science Review, pesquisadores do Laboratório de Exploração do Espaço Profundo e outras instituições chinesas detalharam a missão Tianwen-3 — um projeto de aterrissagem em Marte com duas espaçonaves sob a administração da China National Space Administration (CNSA). Durante uma conferência de exploração espacial em setembro, Jizhong Liu, designer chefe da Tianwen-3, confirmou que a missão segue no cronograma para ser lançada em 2028.
Conforme noticiado pela Space News, a Tianwen-3 contará com um módulo de aterrissagem, um veículo de ascensão, um orbitador e um módulo de retorno. A missão também poderá utilizar um helicóptero e um robô de seis patas para coletar amostras de locais além da área imediata da aterrissagem.
O artigo da National Science Review, coautorado por Zengqian Hou, do Laboratório de Exploração do Espaço Profundo e da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, revelou que 86 locais potenciais de aterrissagem estão sendo avaliados. A maioria está situada em Chryse Planitia — uma planície lisa próxima ao equador norte de Marte — e em Utopia Planitia, a maior bacia de impacto do planeta, onde a China pousou com sucesso um rover em 2021.
De acordo com Hou e seus colegas, esses locais são particularmente promissores para o objetivo principal da missão Tianwen-3: buscar evidências de vida passada em Marte. Os locais foram selecionados por seu terreno relativamente liso e seguro para o pouso, além do potencial para que rochas e sedimentos abriguem vestígios preservados de vida marciana antiga.
Se lançada em 2028, a Tianwen-3 retornará à Terra em 2031. (Uma viagem de ida entre a Terra e Marte leva aproximadamente de sete a 11 meses, dependendo do alinhamento dos planetas no momento.) Assim que as amostras forem recuperadas, elas passarão por uma variedade de análises, explicaram Hou e sua equipe. Essas análises incluirão espectrometria de massa para determinar a composição elementar das amostras e análise isotópica para examinar as proporções de diferentes variantes dos elementos, o que pode revelar sinais de vida passada.
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Se a Tianwen-3 mantiver o cronograma, poderá superar a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) em quase uma década no retorno de amostras de Marte para a Terra. Em abril, a NASA anunciou atrasos na missão Mars Sample Return (MSR), uma colaboração com a ESA, adiando marcos importantes para a década de 2030. Segundo o cronograma revisado, o módulo de pouso da MSR deve ser lançado em 2035, com o retorno das amostras previsto apenas para 2040.
Recentemente, a missão Chang’e-6 da China alcançou um marco histórico ao retornar as primeiras amostras da face oculta da Lua. A análise inicial dessas amostras revelou evidências de atividade vulcânica, indicando que erupções ocorreram nessa região há cerca de 2,8 bilhões de anos.