Em uma descoberta notável, uma equipe arqueológica hispano-egípcia desenterrou restos humanos extraordinários, incluindo 13 línguas e unhas de ouro, dentro de tumbas datadas do período ptolomaico na região histórica de Al-Bahnasa, localizada no governadorado de Minia, no Egito.
No antigo Egito, o posicionamento de línguas de ouro nas múmias carregava um profundo significado simbólico e ritual. Acreditava-se que essas línguas de ouro permitiam que o falecido se comunicasse com os deuses no além-vida.
O ouro, reverenciado como um material divino e imperecível, simbolizava a eternidade e a pureza. Da mesma forma, as unhas de ouro poderiam ter sido colocadas para preservar a aparência do falecido em sua forma mais idealizada, garantindo sua dignidade e prontidão para a vida após a morte.
Uma equipe liderada pela Universidade de Barcelona e pelo Instituto do Antigo Oriente Próximo descobriu um exemplo notável dessa prática em Al-Bahnasa, localizada a aproximadamente 190 quilômetros ao sul do Cairo, ao longo da margem ocidental do rio Nilo.
“Os restos humanos com 13 línguas e unhas de ouro nos proporcionam uma visão fascinante das crenças religiosas do período ptolomaico, enfatizando a importância do ouro como um elo entre o humano e o divino”, comentou o Dr. Mohamed Ismail Khaled, Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.
Além das múmias, as tumbas exploradas também continham sarcófagos de calcário e vários artefatos rituais, como escaravelhos de coração e amuletos representando divindades como Hórus, Ísis e Thoth. Entre esses artefatos, foram encontrados 29 amuletos de pilar “Djed”, simbolizando estabilidade e regeneração.
As câmaras funerárias, adornadas com textos vibrantes e cenas, revelaram representações de deuses como Anúbis, Osíris e Nut, junto a detalhes artísticos previamente não vistos nesta região. Uma camada delicada de ouro cobre o rosto de uma múmia, assim como as figuras das divindades ao seu redor, simbolizando a preservação e a transcendência espiritual do falecido — elementos-chave das práticas funerárias ptolomaicas.
Este notável nível de detalhe artístico e ritual marca um avanço significativo na compreensão dessas práticas e enriquece o legado histórico de Al-Bahnasa, conhecida na antiguidade como a cidade de Oxirrinco.
De acordo com a Dra. Maite Mascort, co-presidente da missão, “A presença dessas línguas e unhas de ouro destaca não apenas o nível de sofisticação artística e religiosa da época, mas também a profunda conexão entre as crenças sobre a vida e a morte no antigo Egito.”
A missão continuará sua pesquisa nesta rica região arqueológica, que continua a cativar o mundo com seus segredos bem preservados.