Antigos depósitos de armas são descobertos na Turquia

Arqueólogos que escavam a milenar Fortaleza de Ayanis, no leste da Turquia, acabam de revelar novas salas cheias de armas antigas associadas ao culto do deus da guerra Haldi. Localizado em uma colina com vista para o Lago Van, o sítio arqueológico tem sido continuamente explorado há mais de três décadas, e os achados recentes foram reportados pelo Türkiye Today.
As novas descobertas ocorreram nas salas ao norte do complexo do templo, onde já haviam sido encontrados, em 2024, armamentos ligados à divindade suprema do reino de Urartu. O projeto arqueológico segue sob supervisão do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia.

Entre os itens desenterrados estão três escudos de bronze e um capacete, possivelmente pertencentes à elite governante dos urartianos. Segundo os especialistas, o templo era uma parte fundamental da última grande construção do Reino de Urartu, edificada por ordem do rei Rusa II.
Fortaleza impressiona pelo estado de preservação
A equipe liderada pelo professor Mehmet Işıkli, da Universidade Atatürk, é composta por 25 especialistas, incluindo arqueólogos, antropólogos, urbanistas, historiadores da arte e conservadores. Eles concentram seus esforços nos segredos do templo dedicado a Haldi, especialmente nos compartimentos do setor norte.
O professor Işıkli destacou a importância arquitetônica do local. “A Fortaleza de Ayanis é a última grande obra dos urartianos e está em escavação contínua há 36 anos”, afirmou. Para ele, o templo é “a joia” da fortaleza, chamando-o de “o elemento mais chamativo” e até mesmo de “nazar boncuğu”, expressão turca para o amuleto contra o mau-olhado.

Vestígios indicam uso cerimonial e real
As recentes descobertas sugerem que as salas tinham funções cerimoniais ou estavam ligadas diretamente à realeza. Além das armas, os arqueólogos identificaram duas portas, fragmentos de cerâmicas e uma grande cuba de argila, possivelmente usada para armazenamento.
“Estamos ainda no piso térreo da primeira sala. É uma estrutura monumental, com vestígios de três andares. As paredes chegam a ter três metros de espessura e são feitas de tijolos de adobe,” explicou Işıkli.
Ele também comentou sobre a complexidade do local: “Encontramos duas portas, mas ainda não sabemos para onde levam. As escavações dirão mais.”
Entre os achados, os arqueólogos também identificaram sinais de um grande incêndio, ossos humanos carbonizados, objetos de bronze e ferro, documentos inscritos e selos oficiais, o que reforça a ideia de um espaço reservado a funções políticas e religiosas de alto nível.
Escavações avançam com foco na preservação

De acordo com Işıkli, a temporada atual de escavações começou com um processo cauteloso de limpeza antes do avanço para as camadas mais profundas. Ele ressaltou que a equipe tem concentrado esforços nesta área específica nos últimos quatro anos, sempre priorizando a conservação.
O professor também enfatizou a habilidade dos antigos construtores urartianos. “Eles eram mestres tanto na arquitetura em adobe quanto em pedra. Os ambientes interligados que construíram são um testemunho da capacidade de engenharia que possuíam,” afirmou.
O objetivo final é revelar completamente o complexo do templo e, futuramente, abrir o local para visitação pública, oferecendo uma rara oportunidade de contato com o centro religioso e político de uma das civilizações mais poderosas da Antiguidade na Anatólia.