A Constellation Energy, atual proprietária da usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, anunciou planos para reiniciar um dos reatores do local após um acordo com a Microsoft para fornecer energia para suas crescentes operações de inteligência artificial. O reator, que será reativado pela primeira vez em cinco anos, foi desligado em 2019 devido a razões econômicas.
A usina é conhecida por ser o local do pior acidente nuclear comercial da história dos EUA, ocorrido em março de 1979, quando um mau funcionamento de válvula resultou no superaquecimento do reator da Unidade 2, que ainda está em desativação.
A Constellation desligou a Unidade 1, um reator adjacente, em 2019, mas agora irá reativá-la com base em um contrato de 20 anos para fornecer eletricidade aos data centers da Microsoft, cuja demanda por energia está se expandindo rapidamente. De acordo com a empresa, essa reativação adicionará 835 megawatts à rede elétrica da Pensilvânia, criará cerca de 3.400 empregos e injetará pelo menos 16 bilhões de dólares na economia local.
A usina será renomeada para Crane Clean Energy Center, em homenagem a Chris Crane, ex-CEO da empresa controladora da Constellation.
“Antes de seu fechamento prematuro devido a desafios financeiros, esta usina era uma das mais seguras e confiáveis na rede elétrica. Estamos animados para reativá-la com um novo nome e uma missão renovada”, disse Joe Dominguez, CEO da Constellation Energy.
Para que a usina volte a operar, será necessário um investimento significativo em renovação de infraestrutura, incluindo a substituição ou atualização de componentes críticos, como turbinas, geradores, transformadores e sistemas de resfriamento e controle. A reabertura ainda depende de uma revisão completa de segurança e meio ambiente pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA, esperada para 2028. Além disso, a Constellation buscará licenças que permitiriam que a usina operasse até pelo menos 2054.
A crescente demanda por energia impulsionada por gigantes da tecnologia como Microsoft, Google, Amazon, Meta e Apple está pressionando o setor de energia. O Goldman Sachs estima que o consumo de energia desses data centers aumentará em 160% até 2030, potencialmente respondendo por 8% da energia total gerada nos EUA. No entanto, o aumento da demanda também levanta preocupações ambientais.
Um estudo recente do jornal britânico The Guardian revelou que as emissões de carbono dos data centers de empresas como Google, Microsoft, Meta e Apple podem ser até 662% maiores do que os números oficialmente divulgados.