Jonathan Losos, Arts & Sciences na Universidade de Washington em St. Louis
O que motivou a ideia para o curso?
Sou biólogo evolutivo e passei minha carreira estudando a evolução de pequenos lagartos no Caribe. Também sou um amante de gatos desde sempre, mas nunca me ocorreu fazer nada científico com gatos domésticos. Eles são difíceis de estudar – já tentou seguir seu gato para ver o que ele está fazendo? E, em contraste com leões, tigres e outros felinos selvagens amplamente estudados, eu tinha a impressão de que não havia pesquisas interessantes sendo realizadas sobre o representante doméstico da família dos felinos, Felis catus.
Há doze anos, descobri que estava completamente errado. Graças ao livro de John Bradshaw “Cat Sense” e ao “A Vida Secreta dos Gatos” da BBC, descobri que ailurologistas estavam usando os mesmos métodos de ponta – rastreamento por GPS, sequenciamento de genoma, análise isotópica – para estudar gatos domésticos que eu uso para estudar lagartos e outros pesquisadores usam com todas as demais criaturas.
Assim nasceu minha aula sobre a ciência dos gatos. Eu atraía os estudantes com seu amor por felinos e então, quando eles não estivessem prestando atenção, eu os ensinava como os cientistas estudam a biodiversidade – ecologia, evolução, genética e comportamento.
O que o curso explora?
Em essência, o curso trata do passado, presente e futuro dos gatos: de onde eles vieram, por que fazem o que fazem, o que o futuro pode reservar. E, criticamente, como sabemos o que sabemos – ou seja, como os cientistas abordam esses tipos de perguntas.
O curso termina com os alunos escrevendo um artigo original ou fazendo um mini-documentário. Esses projetos abrangeram uma vasta gama de tópicos em biologia e além, como o impacto dos gatos nas populações de pássaros, o sexismo e o estereótipo da “louca dos gatos”, os efeitos para a saúde de viver com felinos, o papel da hibridização como uma força criativa ou limitadora na evolução, o papel dos predadores maiores como coiotes e dingos no controle das populações de gatos e as perspectivas para novas tecnologias genéticas para criar gatos sem alérgenos ou para controlar as populações de gatos de rua.
Inesperadamente, os alunos não foram os únicos a escrever sobre gatos: A aula e seus temas me inspiraram a escrever meu próprio livro, “The Cat’s Meow: Como os Gatos Evoluíram da Savana para o Seu Sofá.”
Por que este curso é relevante agora?
A sociedade precisa de mais cientistas de biodiversidade para entender nosso mundo em rápida mudança. Os gatos levantam questões científicas de amplo interesse e podem servir como uma introdução ao mundo da pesquisa biológica.
Qual é uma lição crítica do curso?
Pesquisas importantes sobre o mundo natural não requerem viajar para cantos remotos do mundo. Pesquisas sobre animais comuns em ambientes locais – mesmo animais de estimação – podem trazer avanços significativos no conhecimento básico e aplicado.
Quais materiais o curso apresenta?
Além da leitura de artigos de pesquisa, fizemos excursões que foram tanto reveladoras quanto divertidas. Saímos ao amanhecer para acompanhar um defensor dos gatos de rua alimentando felinos sem dono em uma parte degradada da cidade. Também aprendemos sobre gatos na antiguidade com um egiptólogo, viajamos para uma exposição de gatos para maravilhar-nos com a diversidade das raças de gatos, observamos felinos selvagens no Zoológico de Saint Louis e examinamos gatos na arte em museus universitários.
O que o curso preparará os estudantes para fazer?
A pesquisa sobre gatos é o veículo para os alunos verem a aplicabilidade das ideias científicas para animais que conhecem e de que gostam muito. O curso não só exige que os alunos sintetizem conhecimentos de muitos campos diferentes, mas também os faz refletir sobre debates contemporâneos do mundo real, como o que fazer com os gatos ao ar livre e a ética da criação.
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Jonathan Losos, Professor Distinto William H. Danforth, Arts & Sciences na Universidade de Washington em St. Louis
Este artigo foi republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
