Imunoterapia abre novas opções contra câncer de pele

Um novo estudo indica que a combinação de dois medicamentos pode melhorar o controle de um tipo agressivo de câncer de pele. A pesquisa foi feita com pessoas que têm carcinoma espinocelular de pele em estágio avançado — um câncer que pode se espalhar para outras partes do corpo e é difícil de tratar com os métodos atuais.
O carcinoma espinocelular é o segundo tipo de câncer de pele mais comum no mundo. Na maioria dos casos, ele pode ser curado com cirurgia. No entanto, quando atinge estágios mais avançados e se espalha, os tratamentos se tornam mais limitados e os médicos buscam alternativas que possam oferecer mais tempo e qualidade de vida aos pacientes.
Pesquisadores dos Estados Unidos compararam dois grupos de pacientes com carcinoma espinocelular avançado: um deles recebeu o medicamento avelumabe, já usado em imunoterapia; o outro recebeu avelumabe junto com cetuximabe, outro remédio que atua de forma diferente no sistema imunológico.
A análise mostrou que os pacientes que tomaram os dois medicamentos juntos conseguiram ficar mais tempo com a doença controlada: cerca de 11 meses, contra 3 meses dos que usaram apenas o avelumabe.
O estudo sugere que os dois medicamentos atuam de forma complementar. Enquanto o avelumabe ajuda o sistema de defesa do corpo a reconhecer e atacar as células do câncer, o cetuximabe parece aumentar essa resposta, estimulando outros tipos de células imunes.
Pesquisas anteriores em laboratório já indicavam que esse tipo de combinação poderia funcionar bem. Agora, pela primeira vez, um estudo clínico feito com pacientes comprovou o benefício dessa estratégia.
O estudo também permitiu que pacientes que começaram com apenas o avelumabe passassem a receber os dois medicamentos caso a doença piorasse. Esses pacientes também conseguiram, em média, mais 11 meses de controle da doença após a mudança — um tempo semelhante ao daqueles que usaram a combinação desde o início.
A combinação provocou mais efeitos colaterais do que o uso isolado de avelumabe, especialmente reações na pele e no momento da aplicação dos remédios. Porém, os pesquisadores não relataram problemas graves inesperados, e o tratamento foi considerado seguro dentro do esperado para esse tipo de medicamento.
Apesar dos bons resultados, os pesquisadores alertam que o estudo ainda é de fase II e envolveu um número relativamente pequeno de participantes (57 no total). Por isso, eles recomendam a realização de um novo estudo, maior e mais abrangente, para confirmar os efeitos da combinação e comparar com os tratamentos mais usados hoje.
Ainda assim, os dados indicam que essa nova abordagem pode ser uma alternativa útil, especialmente para quem não responde bem às terapias atuais.
Detalhes adicionais do estudo: Zandberg DP, Allred JB, Rosenberg AJ, et al. Phase II Randomized Trial of Avelumab Plus Cetuximab Versus Avelumab Alone in Advanced Cutaneous Squamous Cell Carcinoma. Journal of Clinical Oncology. Publicado em 31 de maio de 2025. DOI: 10.1200/JCO-25-00759