Antiga tumba em Athribis é restaurada no Alto Egito

Após um ano de intensos trabalhos de conservação, o “Túmulo dos Dois Irmãos” — também chamado de “Túmulo das Constelações” — teve sua restauração concluída em Athribis, importante cidade arqueológica situada na região de Nagaa Sheikh Hamad, a oeste de Sohag, no Alto Egito. A iniciativa faz parte do plano do Ministério do Turismo e Antiguidades para preservar sítios históricos e fortalecer o turismo cultural na região.
Segundo o ministro do Turismo e Antiguidades, Sherif Fathy, a restauração é parte de uma estratégia mais ampla que coloca o patrimônio arqueológico no centro das políticas públicas. “O ministério dá prioridade máxima à restauração e ao desenvolvimento de sítios arqueológicos, por acreditar na importância desse patrimônio histórico como identidade nacional e humana, e na necessidade de transmiti-lo às futuras gerações”, afirmou.
Fathy também ressaltou que esses projetos têm papel importante na valorização do turismo cultural e no desenvolvimento das comunidades vizinhas. “Ao restaurar esses locais, o ministério busca abrir novos pontos turísticos arqueológicos ao público, especialmente para os amantes do turismo cultural”, declarou.

O trabalho de conservação foi coordenado pelo Conselho Supremo de Antiguidades. Seu secretário-geral, Dr. Mohamed Ismail Khaled, elogiou o empenho da equipe envolvida e destacou o caráter estratégico do projeto. “A preservação do patrimônio é uma responsabilidade nacional que exige continuidade e esforços integrados”, disse. Ele também enfatizou que a conservação de sítios arqueológicos abre novas possibilidades para educação, conscientização e desenvolvimento social.
A restauração incluiu tanto a câmara funerária quanto o compartimento de entrada. De acordo com Mohamed Abdel-Badie, chefe do setor de Antiguidades Egípcias, o processo começou com um levantamento técnico detalhado. “Uma equipe de restauradores foi encarregada de elaborar um relatório abrangente documentando o estado do túmulo e identificando os pontos danificados e suas causas”, explicou. A partir desse diagnóstico, os reparos foram conduzidos seguindo padrões técnicos e científicos rigorosos.

A Dra. Manal El-Ghannam, chefe da Administração Central de Conservação e Restauração, detalhou as técnicas aplicadas: “O projeto incluiu a limpeza mecânica e química das paredes e do teto, o fortalecimento das camadas de cor e de argamassa, além da reconstrução de partes ausentes com materiais compatíveis com a natureza do sítio arqueológico”.
A tumba restaurada pertence a dois irmãos, Ibpamani e Pa-Mehit, filhos de Hor-Nefer e Tashrit Hor-Segem, e data do século II d.C., período em que o Egito estava sob domínio romano. Seu interior é formado por uma câmara frontal quadrada e uma câmara funerária com disposição triangular, que abriga um nicho retangular de sepultamento na parede oeste.
O destaque do túmulo está em suas decorações pintadas sobre argamassa. O teto exibe uma representação astronômica de duas constelações — uma para cada irmão —, o que lhe conferiu o nome de “Túmulo das Constelações”. Cenas funerárias detalhadas ocupam as paredes internas, e o nicho de sepultamento também apresenta pinturas nos lados, no teto e no piso.

A tumba, descoberta há mais de 150 anos, teve suas cenas registradas e publicadas pela missão do arqueólogo britânico William Flinders Petrie durante a temporada de escavações de 1906–1907.
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Athribis, onde está localizada a tumba, é uma cidade arqueológica de destaque no nono nomo do Alto Egito. Remontando ao fim do período ptolomaico, a cidade preserva um conjunto excepcional de estruturas: templos, pedreiras, necrópoles, oficinas, residências, um convento de freiras, celas monásticas e uma igreja do século VI d.C. Sua relevância arqueológica e religiosa faz de Athribis um dos principais centros históricos do sul do Egito, especialmente no contexto do surgimento do monasticismo na região.