Uma equipe internacional de astrônomos, incluindo pesquisadores da Universidade de Genebra (UNIGE), anunciou a descoberta de uma super-Terra chamada HD 20794 d, um exoplaneta que pode abrigar condições favoráveis à vida. Essa descoberta representa mais um passo significativo na busca por mundos habitáveis além do nosso sistema solar.
Desde a detecção do primeiro exoplaneta, 51 Pegasi b, em 1995, os astrônomos catalogaram mais de 7.000 exoplanetas na Via Láctea. No entanto, estima-se que bilhões ainda precisam ser descobertos. Nesse contexto, os cientistas não estão apenas procurando novos planetas, mas também investigando suas características para avaliar seu potencial de habitabilidade.
Um exemplo recente desse esforço é o HD 20794 d, um exoplaneta que orbita uma estrela do tipo G, semelhante ao Sol, localizada a 19,7 anos-luz da Terra. Sua relativa proximidade o torna um alvo prioritário para futuras observações com telescópios de última geração, capazes de analisar sua atmosfera com precisão sem precedentes.
Classificado como uma super-Terra, o HD 20794 d é um planeta rochoso com uma massa maior que a da Terra e orbita dentro da zona habitável de sua estrela. Essa região é crucial, pois permite a existência de água líquida, um ingrediente essencial para a vida como a conhecemos.
No entanto, ao contrário da órbita quase circular da Terra, o HD 20794 d segue uma trajetória elíptica, fazendo com que ele entre e saia periodicamente da zona habitável. Essa peculiaridade sugere que, se houver água no planeta, ela poderia alternar entre os estados de gelo e líquido ao longo de sua órbita, um fenômeno que amplia as possibilidades de estudo da habitabilidade em condições dinâmicas.
A descoberta do HD 20794 d foi possível graças a duas décadas de observações utilizando alguns dos telescópios mais avançados do mundo, incluindo os espectrógrafos ESPRESSO e HARPS. Um algoritmo de análise de dados desenvolvido na UNIGE, chamado YARARA, desempenhou um papel crucial na filtragem de ruídos das observações e na confirmação da existência do planeta. Sua órbita intermitente dentro da chamada “Zona Habitável” (ou “Zona Cachinhos Dourados”) faz do HD 20794 d um laboratório natural excepcional para investigar a habitabilidade planetária.
Os astrônomos esperam que telescópios de próxima geração, como o espectrógrafo ANDES, que será instalado no Extremely Large Telescope (ELT) no Chile, possam analisar a atmosfera do planeta em busca de bioassinaturas, como gases associados à vida. Os detalhes da descoberta foram publicados na renomada revista Astronomy & Astrophysics, marcando mais um marco na exploração de mundos distantes e na busca por respostas sobre a existência de vida além da Terra.