Cientistas identificaram uma nova espécie dos imensos predadores aviários conhecidos como “Aves do Terror”, que uma vez percorriam a paisagem da América do Sul em busca de presas. A descoberta foi feita por meio da análise de um osso fossilizado de perna encontrado há duas décadas, que agora foi confirmado como o osso da parte inferior da perna de um Phorusrhacidae. Os pesquisadores estimam que essa ave antiga tinha quase três metros de altura, tornando-se o maior espécime conhecido dessa espécie extinta.
O estudo, liderado pelo especialista em Aves do Terror Federico J. Degrange e Siobhán Cooke, Ph.D., professora associada de anatomia funcional e evolução na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, também revelou que esse fóssil de Ave do Terror recém-identificado é o exemplo mais ao norte encontrado na América do Sul.
O osso foi desenterrado quase 20 anos atrás por Cesar Augusto Perdomo, curador do Museo La Tormenta no Deserto de Tatacoa, na ponta norte da Colômbia. Dada a abundância de fósseis na área, Perdomo não percebeu inicialmente que o osso pertencia a esse predador formidável.
Cooke explica que essas Aves do Terror carnívoros compartilhavam seu habitat com uma variedade de outras criaturas, incluindo primatas, mamíferos de casco, preguiças gigantes e até glicodontes — parentes de armadillos do tamanho de um carro. Embora a análise recente do osso não indique qual desses animais a Ave do Terror caçava, Cooke suspeita que esse predador sem asas provavelmente estava disposto a caçar e comer quase qualquer criatura que encontrasse.
“As Aves do Terror viviam no solo, tinham membros adaptados para correr e, na maioria das vezes, comiam outros animais”, explicou Cooke.
Usando um scanner portátil, os pesquisadores criaram um modelo virtual tridimensional detalhado do osso fossilizado da perna, permitindo uma análise aprofundada. Os scans revelaram cavidades na superfície do osso, uma característica distintiva que confirmou que ele pertencia a uma Ave do Terror.
A equipe também descobriu o que pareciam ser marcas de dentes, provavelmente deixadas por um parente distante do jacaré, o caimã. A gravidade dessas marcas sugere que elas podem ter até contribuído para a morte do enorme predador.
“Suspeitamos que a Ave do Terror tenha morrido como resultado de seus ferimentos, dado o tamanho dos crocodilianos há 12 milhões de anos”, explicou Cooke.
Dada a raridade dos fósseis de Aves do Terror, a equipe acredita que esses predadores possam ter sido relativamente “raros” na paisagem da América do Sul. No entanto, também suspeitam que outros fósseis já possam ter sido descobertos, mas permanecem não identificados, possivelmente por serem menores ou menos completos do que este exemplar.
“É possível que existam fósseis em coleções existentes que ainda não foram reconhecidos como Aves do Terror, porque os ossos são menos diagnósticos do que o osso da perna inferior que encontramos”, explicou Cooke.
A equipe considera a descoberta desta Ave do Terror tão ao norte significativa, especialmente por poder representar o maior espécime de sua espécie já encontrado. Para Cooke, descobrir evidências desse enorme predador que percorreu o deserto colombiano há mais de 12 milhões de anos oferece aos cientistas uma rara visão da paisagem antiga da América do Sul.
“É um tipo diferente de ecossistema do que vemos hoje ou em outras partes do mundo, em um período antes de a América do Sul e a América do Norte estarem conectadas”, disse ela. “Seria um lugar fascinante para andar e ver todos esses animais agora extintos.”
O estudo foi publicado na revista Palaeontology.