Nova espécie de cigarra fóssil descoberta na Alemanha.

Uma nova espécie de cigarra fóssil foi identificada por cientistas no sítio paleontológico de Messel, na Alemanha. Nomeada Eoplatypleura messelensis, a descoberta representa não apenas o registro mais antigo confirmado da subfamília Cicadinae no mundo, mas também uma das primeiras evidências da família Cicadidae no continente euroasiático.
Com cerca de 47 milhões de anos, esse inseto antigo viveu durante o período Eoceno, quando a região onde a Alemanha está localizada hoje era coberta por florestas subtropicais.
As verdadeiras cigarras – da família Cicadidae – estão entre os grupos de insetos mais diversos atualmente. No entanto, fósseis desse grupo são extremamente raros, o que torna a nova descoberta ainda mais relevante.
“Apesar da enorme diversidade atual, muito poucos fósseis foram encontrados até o momento”, explica a Dra. Sonja Wedmann, paleontóloga do Senckenberg Forschungsinstitut und Naturmuseum Frankfurt. Segundo ela, esta nova espécie pertence ao grupo Platypleurini, conhecido por suas cigarras de asas largas e padrões chamativos.
Dois exemplares fossilizados de Eoplatypleura messelensis foram encontrados na Mina de Messel, um antigo depósito de xisto betuminoso localizado no estado de Hesse. Os fósseis revelam uma cigarra com comprimento corporal de 2,65 centímetros e envergadura de asas de 6,82 centímetros.
“Ela possui uma cabeça compacta, olhos compostos discretos e asas anteriores largas com uma borda anterior bastante curvada”, diz o Dr. Hui Jiang, coautor do estudo, ligado a várias instituições de pesquisa na Alemanha, República Tcheca e China.
Embora fosse uma fêmea – e, portanto, não possuísse o aparato estridulador típico dos machos – os pesquisadores acreditam que os machos da espécie produziam sons altos para atrair parceiras, assim como ocorre nas cigarras atuais.

As asas de Eoplatypleura messelensis exibem padrões marcantes, semelhantes aos das cigarras modernas do grupo Platypleurini, que habitam áreas de floresta e vegetação rasteira. Esses designs, segundo os cientistas, provavelmente desempenhavam uma função de camuflagem no ambiente subtropical do Eoceno.
“As asas coloridas podem ter servido como uma defesa contra predadores, ajudando o inseto a se camuflar na densa vegetação da época”, comenta o Dr. Jiang.
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Além de enriquecer a já vasta coleção de fósseis na Cratera de Messel, a nova espécie preenche uma lacuna importante na linha do tempo evolutiva das cigarras. “É o primeiro registro confirmado de uma cigarra ‘cantora’ neste local”, afirma a Dra. Wedmann.
A descoberta de Eoplatypleura messelensis também tem o potencial de servir como uma referência cronológica em futuros estudos genéticos sobre a origem e dispersão das cigarras do grupo Platypleurini.
O estudo completo foi publicado na revista Scientific Reports e abre novas perspectivas para entender como as cigarras se espalharam pelo mundo e evoluíram ao longo de milhões de anos.