Vigneshwaran Krishnamurthy, Universidade McGill e Hiroyuki Tako Ishikawa, Universidade Ocidental
Em um avanço empolgante para a astronomia e a busca por vida extraterrestre, uma equipe de cientistas internacionais anunciou a descoberta de Gliese 12 b, um exoplaneta temperado do tamanho da Terra a apenas 40 anos-luz de distância — uma distância relativamente próxima de 378 trilhões de quilômetros da Terra.
Pesquisadores de todo o mundo, incluindo apoio crucial de pesquisadores da Universidade McGill e da Universidade Ocidental, trabalharam colaborativamente na busca por Gliese 12 b dentro do Programa Estratégico Subaru de Doppler Infravermelho (IRD-SSP), que busca planetas na zona habitável ao redor de anãs vermelhas.
A equipe internacional detectou a presença do planeta usando uma combinação de telescópios avançados e técnicas observacionais, e sua descoberta apresenta oportunidades empolgantes para obter uma compreensão mais profunda dos mundos além do nosso sistema solar.
Planeta ao redor de uma anã vermelha
Gliese 12 b orbita uma estrela central chamada Gliese 12, que é um tipo de estrela conhecida como anã vermelha. As anãs vermelhas são menores, mais frias e mais abundantes do que as estrelas do tipo G, como o nosso Sol.
Os planetas que orbitam estrelas anãs vermelhas são candidatos principais na busca por vida além da Terra. Um esforço considerável tem sido feito para encontrar planetas orbitando anãs vermelhas, pois mundos terrestres são mais fáceis de detectar ao redor dessas estrelas, em comparação com estrelas mais massivas como o nosso Sol.
Gliese 12 é uma das duas estrelas anãs vermelhas — a outra sendo TRAPPIST-1 — dentro de 100 anos-luz da Terra que hospedam planetas do tamanho da Terra com radiação estelar relativamente mínima. A forte atividade de TRAPPIST-1 — como erupções estelares de alta energia — provavelmente perturba a habitabilidade de seus planetas, como observações recentes sugerem TRAPPIST-1 b e c quase não têm atmosfera.
Estrelas altamente ativas exibem erupções mais frequentes e intensas e emitem radiação de alta energia que ameaça a vida em comparação com estrelas inativas. Em contraste, Gliese 12 é uma anã vermelha incomumente inativa, o que significa que seus planetas enfrentam condições muito menos prejudiciais.
Luz estelar levemente quente
O que torna Gliese 12 b particularmente intrigante é seu tamanho e localização. Tem aproximadamente o mesmo tamanho da Terra, sugerindo que pode ter composição e ambiente de superfície semelhantes. No entanto, são necessárias mais observações e modelagens para confirmar isso.
A localização de Gliese 12 b perto da borda interna da zona habitável de sua estrela torna-o especialmente interessante. A zona habitável, muitas vezes referida como a “zona de Cachinhos Dourados,” é a região ao redor de uma estrela onde as condições são adequadas para a existência de água líquida na superfície de um planeta. Como a água é essencial para a vida como a conhecemos, encontrar um planeta nessa zona é um grande passo na busca por vida.
Gliese 12 b recebe luz estelar suficiente para estar ligeiramente mais próximo do que a borda interna da zona habitável para anãs vermelhas. No entanto, a presença real de água líquida depende de sua atmosfera e condições de superfície. Sob outra perspectiva, a quantidade de luz estelar que recebe está entre o que a Terra e Vênus recebem do Sol. Estudo adicional de Gliese 12 b poderia lançar luz sobre as diferenças fundamentais entre uma Terra habitável e um Vênus inóspito.
Um olhar mais atento
Outro aspecto empolgante de Gliese 12 b é que sua proximidade relativamente próxima da Terra permite um estudo mais detalhado de seu ambiente de superfície.
Um método particularmente útil para estudar Gliese 12 b, que não é possível para planetas não transitantes, é a espectroscopia de transmissão atmosférica. Esta técnica envolve a análise da luz estelar que passa pela atmosfera de um planeta durante o trânsito. Estudando as mudanças nos espectros da luz, os cientistas podem inferir a composição da atmosfera do planeta, identificando gases como oxigênio, água, metano e dióxido de carbono, que poderiam indicar processos biológicos.
A descoberta de Gliese 12 b é um marco na busca por planetas potencialmente habitáveis e na compreensão das condições que tornam a vida possível. Telescópios atuais e futuros, como o Telescópio Espacial James Webb e telescópios terrestres extremamente grandes, desempenharão papéis cruciais em investigações futuras. Esses instrumentos permitirão que os cientistas realizem estudos mais detalhados da atmosfera e das condições de superfície de Gliese 12 b.
A descoberta de Gliese 12 b, um exoplaneta possivelmente habitável próximo, é um desenvolvimento empolgante na busca por planetas semelhantes à Terra e, potencialmente, por vida extraterrestre. À medida que continuamos a explorar o cosmos, cada nova descoberta nos aproxima de responder à antiga questão: Estamos sozinhos no universo?
Por enquanto, Gliese 12 b se destaca como um farol de esperança e curiosidade, convidando-nos a aprender mais sobre as possibilidades que existem além do nosso próprio sistema solar.
Vigneshwaran Krishnamurthy, Pesquisador de Pós-Doutorado, Astrofísica, Universidade McGill e Hiroyuki Tako Ishikawa, Pesquisador de Pós-Doutorado, Astrofísica, Universidade Ocidental
Este artigo é republicado da The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.